129.ÁLBUM-Constantino Vilela(3ºGC)

Constantino Vilela Rocha
Soldado


Fez parte do 3º Grupo de Combate, sob o comando do Alferes Ferreira Gomes, sendo comandante da sua Secção o Furriel David Carronda.

O início da sua vida militar aconteceu, em 29 de Janeiro de 1968, no Regimento de Infantaria 13, em Vila Real, onde fez a recruta e, de seguida, ingressou no Batalhão de Caçadores 10, em Chaves, onde fez a especialidade de atirador.

Quando se formou a Companhia de Caçadores 2418, nos fins de Maio de 1968 e já mobilizada para Moçambique, foi integrado no pelotão do Aspirante Ferreira Gomes.

Terminada a missão como militar ingressou no quadro da Policia de Segurança Pública.

Faleceu em 2012.
Esta publicação resulta das diligências, do nosso camarada Domingos Magalhães, junto da família (Manuela, Sérgio e Selma) que nos cederam as fotos e ainda textos poéticos, da autoria do nosso camarada VILELA que se apelidava de POLÍCIA POETA POPULAR, e que poderão ser lidos após as fotos. 


Vila Real




Chaves (I.A.O.)


 Massangulo











Operação S.Jorge - 26.02.1969
 





Catur


Maniamba













O avião que nos abastecia de alimentos e correio

14.08.1969-Rebentamento de mina

preparação para a saída de Maniamba

Beira - embarque de regresso


Polícia e poeta popular

Guerra do Ultramar – pensamentos em verso

A todos os que partiram por imposição, 
quando lá chegavam já lá tinham um caixão.

Todos cumpriram a sua missão, 
pagando com o corpo e a vida, 
um sonho a quem ninguém deu solução.

Foi uma guerra de guerrilha, que a todos deixou mazelas, 
mas passados estes anos… já ninguém fala nelas.

É uma guerra que já lá vai, já passaram 50 anos, 
e de todos os que lá andaram já poucos cá estarão.

Por tudo o que lá passei, sinto-me muito marcado, 
mas ainda tive a sorte… de ter chegado.
É uma ferida do passado que jamais será curada, 
só quando morrer o último será enterrada.

A missão foi cumprida e o regresso chegou, 
e aí toda a família me abraçou.

No tempo em que lá andei o perigo várias vezes espreitou, 
mas como sempre tive fé, Deus não me deixou.

O bom e grande guerreiro conta tudo com alguma graça, 
pois os combates aonde eu estive foram na zona do Niassa.

A nossa companhia cumpriu o seu dever, 
foi pena que para isso muitos tivessem que morrer.

O dia do nosso almoço, é sempre um dia de grande emoção, 
é um dia muito lindo, mas mexe com o meu coração.

Fui cumprir a minha missão em terras de além-mar, 
fui defender a nossa pátria e os turras enfrentar.

O país tem muitas contas a prestar, 
a todos os combatentes que lutaram no ultramar.

Na guerra do ultramar de tudo se lá passou, 
mas só quem pode afirmar, foi quem lá andou.

Ó meu Deus que me trouxeste da guerra, 
a minha maior alegria foi quando pus os pés em terra.

O pessoal da 2418 foi sempre operacional, 
mas apesar de já sermos menos mantém-se tudo igual.

Passámos por muito para agora ter um prazer, 
que é juntarmos-nos num almoço para comer e beber.

Podemos durar muitos anos, mas nunca nos vamos esquecer, 
de tanto na guerra sofrer e agora ninguém nos agradecer.

Sou um ex-combatente da guerra do ultramar, 
aonde a justiça nunca foi feita a quem lá andou a lutar.

Eu ainda hoje sonho com a guerra em que fiz parte, 
são traumas que ficam de quando andava em combate.

Faz hoje 43 anos que embarquei para a guerra, 
quando lá chegamos ela estava á nossa espera.

Foi uma grande surpresa assim que se lá chegou, 
foi Deus e os velhos quem nos salvou.

Foram tempos duros os que lá passamos,
mas agora somos os que ficámos.


Guerra do Ultramar 
Este poema, datado de 28.06.2011, consta do nosso Livro "A Companhia de Caçadores 2418, na guerra em Moçambique, 1968-1970" publicado em Julho de 2018, no capítulo "Testemunhos"

Eu ainda hoje sonho;
Com a guerra em que eu fiz parte.
São traumas que vão aparecendo;
De quando eu andava em combate.

Eu já estou mentalizado;
Para tudo aquilo que for.
Na guerra já eu andei;
E venha lá o terror.

O bom e grande guerreiro;
Conta tudo com alguma graça.
Os combates que eu tive;
Foram na zona do Niassa.

Com todo os maus bocados;
Cumprimos o nosso dever.
Foi pena o que aconteceu;
Que alguns tiveram que morrer.

Em reflexo da guerra;
Temos confraternizado; em parte.
A união dos que ainda existe;
Antes que nos dê um enfarte.

O dia do almoço;
É sempre um dia de emoção.
É um dia muito lindo;
Mas mexe com o coração.

Já que chegamos até aqui;
Vamos mesmo continuar.
Com mais força e alegria;
Para podermos enfrentar.


A foto seguinte é retirada do nosso convívio de 2011, em Barcelos, em 2 de Julho.
O nosso camarada Vilela é o primeiro (à esquerda), seguindo-se o Portela. 
Neste encontro o Vilela entregou ao Portela o poema que acabaram de ler e que faz parte dos Testemunhos no Livro da nossa Companhia, editado e entregue em 2018.
Esta foto também nos recorda ter sido esta a sua última participação nos nossos convívios porquanto, conforme foi referido no texto inicial desta página, o nosso camarada VILELA faleceu em 2012.

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